sábado, 22 de janeiro de 2011

A Maledicência

A maledicência é, sem sombra de dúvidas, o pior e mais perigoso tipo de lixo psicológico.

Falar mal dos outros, desenvolver o hábito de criticar constantemente pessoas ou situações são atitudes que trazem, para quem as pratica, duas conseqüências: a primeira, é o acúmulo de ódio e negativismo inúteis, pois em nada melhoram o mundo.

A segunda, talvez a pior, é que essas atitudes se tornam programas que o subconsciente adota para a vida das pessoas que agem assim.
Quando você dá uma de justiceiro e critica a atitude dos outros, pense bem se já não cometeu erros semelhantes.
Quando você diz qualquer coisa que comece com “ tem gente que não se manca...” com certeza, você ainda vai dar uma porção de mancadas iguais.
Veja lá onde você coloca a sua atenção e emoção, pois o seu subconsciente acaba assumindo como importante tudo o que vocÊ valorizou.
Para se livrar desse tão terrível hábito, o melhor é aprender a não ser intrometido. Comece a usar a expressão

“ EU NÃO TENHO NADA COM ISSO” pelo menos umas 50 vezes por dia, durante uma semana, com a rigidez de um general.

Recado

Nesta época de desastres ambientais, catástrofes naturais , muitas pessoas estão precisando de nossa  ajuda. Ricos , pobres, não importa a classe social. Porque o que aconteceu na região serra pode acontecer com qualquer um de nós ao contrário do pensam os que se acham invulneráveis, quase deuses.
É bom sair do salto , deixarmos de nos acharmos seres superiores e repensar alguns conceitos. Mas com certeza tem aqueles que não estão nem aí pra nada disso contanto que suas geladeiras estejam lotadas de cerveja e o churrasco na brasa. Bem, cada um no seu quadrado.
É muito legal, estar com pessoas , de todas as classes, empresários, pilotos, estudantes, jovens, trabalhadores, todos juntos unidos para ajudar outras pessoas que nesse momento estão em situação de miséria ; como eu própria estou vivenciando de perto já que estive duas vezes na região serrana com um grupo de amigos.
Então se você não quer ou não tem disponibilidade interior para ajudar e nem sair do casulo .... não atrapalhe.
Não critique e nem use suas palavras para comentários medíocres. Fique na sua , o silêncio é sinal de inteligência.
Cada um dá o que tem pra dar .

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O preço de não escutar a natureza

Leonardo Boff
Filósofo/Teólogo

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.

Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.

No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.