quinta-feira, 11 de março de 2010

As sem -razões do amor, Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
E com amor não se paga.
Amor é dado de graça
É semeado no vento,
Na cachoeira, no eclipse,
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca
Não se conjuga, nem se ama.
Porque amor é amor a nada
Feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.

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